Hoje em dia muito se fala em “espaços instagramáveis”, mas “acessibilidade instagramável”, o que é isso?
Quem trabalha com acessibilidade sabe muito bem o quanto é difícil “convencer” as pessoas (empresas são feitas de pessoas) de que esse processo precisa ser pensado de uma forma holística.
Para que a inclusão REAL aconteça, é preciso que espaços e produtos sejam pensados para serem utilizados (de forma plena e autônoma) pelo maior número possível de pessoas. E isso pode ser muito mais simples (e barato) do que muitos pensam.
Mesmo que o avanço tecnológico impulsionado pela pandemia tenha acelerado muitas coisas, tornando processos mais fáceis, eficientes e também mais baratos, ainda existe uma certa animosidade, uma preguiça para ir além do básico. A moda é fazer o mínimo e POSTAR O MÁXIMO.
E sabe porque isso acontece? Porque dá mídia, as pessoas gostam de falar que são inclusivas. Mesmo que isso seja superficial e frágil.
A acessibilidade não deveria ser pensada como um remendo, que é feito somente depois do produto pronto, para cumprir obrigação legal ou postar nas redes sociais.
Não basta inserir a legenda de libras em um vídeo, achar que é o bastante e gritar para o mundo, posando de bacana nas redes sociais, mas não inserir a audiodescrição para que os cegos também acessem o conteúdo.
Também não basta promover uma exposição de arte como acessível, colocar QRCodes nas obras, mas não informar para o visitante cego onde está esse código e não disponibilizá-lo com bordas em alto relevo para que esse usuário consiga apontar a câmera para o local correto.
Espaços e produtos acessíveis são úteis para um número infinitamente maior de pessoas. Quem aí não curte as facilidades de se ter uma assistente virtual como a Alexa? Recursos como estes, foram originalmente pensados para pessoas com deficiência, mas o impacto, como vocês bem sabem, é muito maior.
Deixo aqui essa reflexão para que não fiquemos limitados a essa “acessibilidade instagramável” frágil e superficial.
Que o amor e o cuidado pelas pessoas em geral, seja genuíno, verdadeiro e sustentável, para além de uma foto bonita nas redes sociais.