É claro que quando digo que a AD não é coisa de cinema, a intenção é provocar uma reflexão em nossos leitores. Essa poderosa ferramenta de acessibilidade comunicacional é essencial em muitos outros espaços da vida cotidiana da pessoa cega, e não apenas no cinema, como muito imaginam.
Pensar que a Audiodescrição é uma tecnologia usada apenas para tornar cinema e teatro acessíveis às pessoas com deficiência visual não faz o menor sentido. Somos seres visuais, o mundo pós-digital é extremamente visual, somos movidos por imagens.
Você não tem tanta certeza? Pare um pouco e pense comigo: como é o cardápio de um restaurante, como são as fotos que estão ali? Os produtos que a gente escolhe, geralmente são aqueles com ou sem foto? E as vitrines de um shopping? E o que dizer da escola? Como são as paredes de uma escola infantil, você se lembra?
Com tudo isso em mente, pensar que audiodescrição é uma ferramenta exclusiva para o cinema e teatro é excluir a participação da pessoa com deficiência visual de todos os outros espaços sociais.
Por isso eu digo, audiodescrição é uma ferramenta para a vida. Lidamos com imagens desde que abrimos os olhos (ainda mais no dia de hoje, que as crianças já saem da barriga olhando para a tela de um celular). Alfabetizar a nossa capacidade de ler imagens através da audiodescrição nos permitirá ter uma postura de vida menos excludente e muito mais inclusiva e respeitosa.
Pense nisso! 😉